A psiquiatra disse que há sempre uma relação amor - ódio com os filhos e que essa relação é mais visível entre mim e a Filipa.
Que o que ela está a fazer é essencialmente para me magoar.
Que nós não podemos deixar que ela saiba como nos está a fragmentar.
Que percebe que o meu sentimento de perda seja parecido ao da perda do meu Pai mas que tenho que perceber que ela ainda cá está.
Que achava que o Pai deveria ir falar com ela mas só lhe perguntar coisas sobre ela, sobre o trabalho, sobre a escola, sobre onde está a dormir.
Que tem a certeza que se ela estiver em dificuldades nos vem bater à porta.
Que fiz bem em tirar-lhe as chaves e que a maneira como ela entrou em casa de chaves ao peito foi uma atitude provocatória e des-respeitosa.
Que provavelmente ela está a ser influenciada por alguém contra os Pais.
Que é normal que ela tenha deixado de ir à psicóloga porque como eu também lá vou ela vê isso como uma maneira de ser indirectamente controlada por mim.
Contei os vários conflitos que tive com ela desde pequenina desde ela não me responder às perguntas, ainda na primária quando estava a estudar com ela até aos conflitos mais recentes por causa dos rapazes, o tipo de amizades que ela escolhia e com quem se dava, disse a médica que a Inês, por exemplo, tem o contrário da Mãe que a Filipa tem porque tem uma Mãe que não quer saber dela.
Que a Filipa demonstra um comportamento passivo - agressivo em relação a nós, como não responder às perguntas do estudo, por exemplo.
Que com as discussões que haviam cá em casa com berros, música alta, gritos bater com a bola no chão ela estava de propósito a fazer-nos a vida num inferno.
Que não devíamos deixar os irmãos ir ter com ela a algum lado, pode aparecer alguém, combinado com ela ou não, se ela quiser ver os irmãos que os venha ver a casa, até pode ser na parte exterior da casa.
Que temos que manter as rotinas dos irmãos.
Que às pessoas de fora só temos que dizer que ela tem 20 anos e decidiu ir viver com uma amiga ou alugar um quarto, sem mais explicações.
Disse à médica que o que parecia é que as outras pessoas tinham todas uma vida normal e que só nós é que tínhamos problemas e ela disse-nos que isso não é verdade, é só o que parece...
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